quarta-feira, 6 de abril de 2011

A Indústria Cultural

 A cultura acompanhou o progresso técnico e ideológico pelo qual o mundo vem passando diariamente, seguindo as políticas neoliberais. Enquanto os indivíduos desenvolveram ideais de pouco uso, descarte fácil e reprodução imediata, a cultura se industrializou com a função da padronização e da produção em série, seguindo as orientações da economia contemporânea.

 A indústria cultural revela um esquema de procedimentos nos quais os produtos mecanicamente diferenciados acabam por se revelar como a mesma coisa, tendendo cada vez mais a se uniformizarem. O consumidor não necessita mais classificar, o esquematismo da produção já realiza esse processo. E agora, o mundo inteiro é forçado a passar pelo filtro da indústria cultural, mesmo que inconscientemente.
Divino é aquilo que se repete incessantemente, basta a mídia reproduzir que tudo se torna belo. Desde crianças já somos orientados ou obrigados a difundir os hábitos que nos são ensinados, quem se prostrar contra essa hierarquia será excomungado do atual sistema e, consequentemente, será lançado na solitária para revolucionários. O estado de bem-estar social produzido em grande escala leva a estaca zero o risco de impeachment dos dominantes da indústria cultural, já que o poder está com os economicamente mais fortes e estes, por sua vez, são idealizados pelas camadas sociais menos favorecidas (graças ao status - superior e glorificado - produzido pela cultura industrializada).

 O sofrimento é aceito como parte do destino, pois o trágico tem um lugar fixo na rotina. Os indivíduos sorriem da dor que o sistema os proporciona de forma ritual e estereotipada, ao mesmo tempo em que se alegram com tantas coisas a ver e a se ouvir. Tudo se universalizou. O individualismo que, na verdade, nunca se realizou de fato, foi absorvido pela cultura de massa, não se pode mais nem sofrer sozinho, tem-se de partilhar sua dor com os membros da cultura industrializada, pois só eles tem o medicamento necessário para curar o sofrimento que eles próprios criaram.


postado por: Ondinamara de Castro Torres.

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